Alguns dias depois de escrever aqui a respeito do avanço desta nova estrutura material e cultural da violência organizada na cidade, uma tragédia nos aconteceu.
Em uma operação de extrema violência que pode sim ser definida como chacina, 25 moradores do Rio de Janeiro morreram, outros ficaram feridos e muitos foram impedidos no seu direito de ir e vir. Fatos como balas no metrô, e vídeos de execução a queima roupa e com grau de violência só visto em crimes de guerra, circulam pelas redes.
A violência expõe uma das pautas cruciais desta cidade. Por um lado a milícia recorre a todas as forças para tomar territórios e avançar na conquista do poder paralelo da cidade, por outro o tráfico tenta manter estes espaços sob controle. Em um terceiro movimento, a polícia expõe sua violência como ferramenta principal de ação, direcionada a espetáculos voltados a prender e matar pobre.
A violência é base pedagógica da formação da maior parte do povo da nossa cidade. Naturalizamos a mesma. Quem mora em locais de violência, já está acostumado a diferenciar tiros de fogos. Alguns somos capazes de detalhar o tipo de armamento, distância, e etc, apenas com o som do estampido. Esta é a vida de boa parte da população. Não é incomum que esse povo encontre nos concursos para polícia militar e civil uma saída de emprego e uma referência de presença do estado.… Leia mais