brasil, política

Entre o 7 de setembro e o 2 de outubro – este título não te atrai, não dá IBOPE e não da like

No dia 02 e outubro último fechou-se o ciclo de atos pós sete de setembro. Desta vez puxado por forças, movimentos e partidos organizados da esquerda. Apesar de terem sido atos com expressão (não maiores que o ciclo de atos pré dia 07 de setembro), não escaparam dos ciclos organizados da militância. Pelo lado do governo atual, uma continuidade do Bolsonarismo foi fomentar suas redes ampliadas de telegram. Após fechamento deste ciclo, seguimos na incógnita. Aparentemente, todas as forças militantes (pró e anti-governo) não tem conseguido mobilizar mais gente que suas bases de afinidade.

Em um dos grupos, com aproximadamente mais de 900mil seguidores, o governo segue sua técnica de comunicação com suas bases, a respeito das ações que tem implementado. Chamadas como: Veto a aquisição de bens de consumo de luxo por parte da administração pública, e reformas de aeroportos e outros sistemas de infraestrutura são alguns dos exemplos de informações divulgados.

A vida cotidiana por sua vez, começa a voltar ao normal por meio de decreto. No Rio, o carnaval já ativa boa parte da sociedade que se mobiliza em torno dele, bairros de subúrbios seguem a vida como se a pandemia não existisse, cuidados sanitários são só um crachá protocolar, muitas das vezes tratado como teatro. Os tempos atípicos que a pandemia abriu estão em refluxo. A massa do povo, que não atua politicamente de forma militante, parece ter ficado anestesiada diante de tudo, ou simplesmente não está nem aí.

As militâncias mostram suas forças, suas lideranças demonstram a capacidade de agitação de suas bases, mas nada disso transborda para aqueles que neste momento estão passando fome e que estão contando moeda pra comprar itens básicos de sobrevivência, o que impera no povo é a descrença. E a partir da descrença, o foco do povo passa a ser em cuidar de si e dos seus, viver e sobreviver no dia a dia, da maneira que dá.

Assim, a vida vai voltando a uma certa normalidade forçada, um grau aceitável de ação da doença, com cidades abrindo e retomando suas festividades e seus movimentos de aglomeração. A crise econômica exorbitante aumenta o senso de desanimo e apatia social, onde as pequenas alegrias para os cidadãos encontram-se nos momentos de lazer, mesmo que estes envolvam riscos sanitários.

2022 poderá seguir nesta incógnita e sem solução. Não conseguimos promover até o momento um projeto de Brasil real para esta pós pandemia, capaz de aglutinar as massas populares, não temos resposta ainda em escala nacional para tal crise. O projeto Bolsonarista está dado e em franca expansão, mesmo que o excesso de sectarismo o enfraqueça: segue movimentando a economia em torno de uma pequena elite e deixando o povo entregue a miséria e a fome, mas amplia os canais de seguidores.

As notícias sobre offshores, ou os movimentos de interesse dos grandes senhores do agronegócio, construtoras, bancos, empresas aéreas e afins evidenciam que nem todos estão afundando. O que o Brasil vive é o aprofundamento da crise para geração de lucros em uma hiperconcentração dos privilégios e da renda.

A dificuldade de implementar tal caminho de construção está justamente na necessidade marqueteira de ganhar as redes. Por este desespero, foca-se na fofoca, no efêmero, no barraco, pois são os melhores caminhos para angariar mais likes, views e compartilhamentos.

Em meio a isso, as forças de oposição e alternativa eleitoral ao bolsonarismo insistem em campanhas estéreis de propostas e repletas de bobagens. Disputas de tamanho de pênis (enquanto o povo come osso, quando tem o que comer), misoginias, palavrões, santificações, trocas de ofensas e ataques gratuitos, campanhas nas redes sociais que buscam o engajamento pelo sensacionalismo barato que as mobiliza no melhor estilo barracos de BBB, enquanto caminham na busca incessante pelos acordos e conciliação com os mesmos velhos poderes que nunca saíram de cena.

Precisamos de proposta real de fomento aos inúmeros setores produtivos em suas múltiplas escalas, precisamos de um caminho que não deixe nossos produtos básicos de consumo e necessários a vida, se tornarem refém do espírito das bolsas de valores. Ficamos a mercê do estrago que a má gestão da crise sanitária nos colocou e seguimos em um país com índices altos de corrupção, privilégios para poucos e mandos e desmandos por parte de alguns. Além de uma estrutura cujos sistemas são altamente alienados dos problemas cotidianos do povo.

As possibilidades de saída, a meu ver, passarão por um viés distinto destas disputas de poder que são concentradas em exposição de personagens e no caminho eleitoral. Todas as candidaturas ainda estão frágeis neste processo de 2022, provavelmente nenhuma delas responderá bem às massas. As bases mais conservadoras seguirão a fluidez do percurso e se forem incapazes de construir uma candidatura a direita para além do Bolsonaro, abraçarão o elemento ou permanecerão lavando as mãos.

Resumindo: Ao focar as investidas primordialmente no pleito eleitoral de 2022, quaisquer forças minimamente progressistas estão reduzindo a própria potência de suas construções políticas e correndo o grande risco de uma derrocada do bloco anti-bolsonarista, mesmo diante de um bolsonarismo que também se esforça para perder. E o Futuro? Um 2023 em diante fraco (vença quem vencer). Qualquer um que governar com as alianças do poder constituído se verá diante de poucas saídas políticas, sofrerá uma forte pressão de domínio por parte da direita que ainda rege a agenda de controle deste país e praticamente nenhuma ação de conciliação de classes. Quaisquer dos nomes eleitos tenderão a compactuar com o aprofundamento da agenda de austeridade para garantir o mínimo de governabilidade e a turbulência desta direita que também não consegue mais emplacar um candidatável e irá tolerar um dos personagens.

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